Exposição indevida de crianças nas redes sociais persiste mesmo com ferramentas de detecção

Exposição indevida de crianças nas redes sociais persiste mesmo com ferramentas de detecção

A exposição de crianças e adolescentes na internet segue sendo um problema, apesar das plataformas possuírem recursos para detectar conteúdos sensíveis. O tema ganhou destaque após o influenciador Felca publicar, em 6 de agosto, um vídeo acusando o também influenciador Hytalo Santos de usar adolescentes para produzir conteúdos com conotação sexual, acessados por homens adultos nas redes sociais.

As principais plataformas afirmam proibir a sexualização de menores, mas o vídeo de Felca mostra que esse tipo de material ainda pode ser encontrado com facilidade. Ele também apontou que, nos comentários de algumas dessas postagens, há perfis oferecendo troca de material explícito envolvendo menores de 18 anos.

Especialistas ouvidas pelo g1 afirmam que, embora as redes possuam sistemas capazes de detectar esse tipo de conteúdo, o modelo econômico das plataformas — focado em engajamento e monetização — dificulta mudanças efetivas. Quanto maior a interação, mais tempo os usuários passam online, aumentando a receita com anúncios e o lucro compartilhado com influenciadores.

“Todo mundo está ganhando nessa história, existe muito ganho para as plataformas, só a gente que está perdendo por ser exposto a esse tipo de conteúdo”, disse Raquel Saraiva, presidente do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec).

Posicionamento das plataformas
O Instagram, TikTok e YouTube afirmam que usam sistemas para remover automaticamente conteúdos que violem suas regras e que casos complexos são revisados por moderadores humanos.

  • A Meta diz que não permite conteúdos de exploração sexual, abuso, nudez infantil ou sexualização de menores, e que usa inteligência artificial para identificar esse tipo de material.
  • O TikTok afirma que proíbe monetização de contas de menores de 18 anos e de conteúdos que exponham jovens ao risco ou mostrem seminudez, priorizando a remoção rápida de abusos graves.
  • O YouTube reforça que remove conteúdos que coloquem crianças e adolescentes em risco assim que são identificados.

Debate político e jurídico
Após o vídeo de Felca, a Câmara retomou discussões sobre a proteção de crianças nas redes. O relatório do PL 2628/2022, apresentado em 12 de agosto, prevê proibição de pornografia e jogos de azar, mas não aborda o “dever de cuidado” das plataformas.
Em junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que redes serão responsabilizadas por falhas sistêmicas na remoção de crimes sexuais contra vulneráveis, pornografia infantil e outros crimes graves contra menores.

Possíveis soluções
Raquel Saraiva cita como exemplo as ferramentas usadas para proteger direitos autorais — que detectam automaticamente conteúdos irregulares — e sugere aplicar lógica semelhante: vídeos com imagens de crianças não poderiam ser monetizados. Porém, ela reconhece que essa medida enfrentaria resistência devido ao peso do mercado de engajamento digital.

Como proteger crianças na internet
Especialistas orientam reduzir ao máximo a exposição infantil e restringir o acesso ao conteúdo. “Crianças não são miniadultas. Elas estão num estágio especial de desenvolvimento psicossocial”, alerta Maria Mello, coordenadora do Instituto Alana.
Ela e Raquel reforçam que é fundamental garantir que crianças compreendam seus direitos, tenham acesso seguro à internet e se sintam à vontade para denunciar situações inadequadas.

Celulares com Android e iOS possuem ferramentas para acompanhar a atividade online de crianças. As redes sociais também oferecem recursos para limitar tempo de uso e monitorar interações.

Fonte: G1.

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