O destaque do Brasil na economia mundial

O destaque do Brasil na economia mundial

A alta da Bolsa brasileira está entre as maiores do mundo. Para 2023, risco é no cenário externo, com menor crescimento e menor inflação para a maioria dos países do mundo, incluindo o Brasil.

Os investidores estrangeiros estão voltando ao Brasil. No ano, tanto o Ibovespa quanto a moeda brasileira se destacam. A alta da Bolsa brasileira está entre as maiores do mundo, o mesmo vale para nossa moeda.

Esse retorno vem ocorrendo apesar do populismo fiscal do governo e do Congresso. Os estrangeiros fizeram as contas e perceberam que o Brasil está barato. Basta comparar os índices de ações lá e cá: nos Estados Unidos, o índice S&P 500 subiu cerca de 20% em 2021. É muito se pensarmos que foi uma alta em dólares. O Ibovespa caiu 10% no mesmo período, e o dólar subiu ante o real. Tanto ações quanto títulos de renda fixa brasileiros estavam sendo negociados a preços muito descontados.

Situação Fiscal

Ademais, por incrível que pareça, a situação fiscal melhorou muito no país em 2022 devido à inflação. Houve um forte aumento de arrecadação devido à elevação dos preços da gasolina e da energia elétrica. Nosso maior problema no momento é a inflação alta, mas ela está sendo combatida neste ano. Tivemos deflação nos últimos três meses, e o Banco Central (BC) já promoveu um brutal choque de juros. Em 2023 a inflação irá convergir para a meta.

As relações comerciais do Brasil com o exterior são boas. Temos US$ 320 bilhões de reservas e US$ 50 bilhões de superávit comercial. Assim, será difícil encontrar um cenário ruim em 2023. A inflação estará em queda, os juros começarão a cair porque o ajuste terá sido feito. Nosso drama estará na situação fiscal depois do pacote de bondades aprovadas este ano, uma conta de mais de R$ 200 bilhões que ficará para o próximo ano. Apesar disso, não estamos tão mal como no início dos 2000, quando tínhamos poucas reservas, havia um enorme déficit externo e nossa capacidade de financiamento internacional era reduzida. Não somos uma Argentina nem uma Turquia.

Nosso grande desafio continua sendo a geração de empregos de qualidade. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) aponta que a taxa de desemprego no Brasil caiu para a casa dos 8,7%. Essa foi a menor taxa de desocupação desde 2015, quando o indicador registrou 8,3%, mas temos ainda quase dez milhões de pessoas desempregadas.

A subocupação por insuficiência de horas trabalhadas atinge um contingente de 6,1 milhões de pessoas, isso significa que os trabalhadores gostariam de trabalhar muito mais, só que não encontram as oportunidades. A população desalentada que desistiu de procurar emprego está em 4,2 milhões de pessoas. A taxa de informalidade está próxima de 40% da população ocupada, mais de 39 milhões de trabalhadores informais.

O principal risco de 2023

O principal risco para 2023 está no cenário externo. A inflação americana segue ainda em 8% ao ano, que é o maior índice desde o início dos 1980. E isso não ocorre apenas nos Estados Unidos. A inflação na zona do euro está correndo também ao redor de 8% ao ano e não dá sinais de alívio. O mercado de trabalho americano continua muito aquecido, o que deverá forçar o banco central americano a levar a taxa básica de juros nos EUA à casa dos 5%.

Tivemos algo parecido em 2006, quando Ben Bernanke, presidente do banco central americano que substituiu Alan Greenspan, aumentou os juros para conter a inflação. Ele começou a elevar as taxas em movimentos de 0,5 ponto porcentual, até que os Fed Funds chegaram a 6% ao ano. E isso acabou sendo catastrófico. Furou a bolha imobiliária e acabou contribuindo para a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers e para a crise de 2008. Houve fundos alavancados que não conseguiram honrar posições e não puderam pagar resgates. Isso provocou um efeito cascata de quebradeiras no mercado americano.

Hoje vivemos uma situação parecida. O balanço do Fed mais do que dobrou em pouco menos de dois anos: saiu de US$ 3,5 trilhões antes da pandemia para US$ 9 trilhões. A liquidez cresceu de maneira frenética. Mas há uma diferença. Os preços dos imóveis subiram muito nos Estados Unidos, uma alta de 15% ou 20% dependendo da região, mas o ritmo de construções residenciais e comerciais não retornou ao que estava em 2006. Houve uma alta de preços de imóveis, mas o mercado parece hoje menos alavancado e com melhor qualidade de crédito quando comparado ao período 2006-2008.

É difícil prever se teremos uma parada brusca na economia mundial (hard landing) ou um pouso mais suave (soft landing). Mas o que é certo é que 2023 será um ano de menor crescimento e menor inflação para a maioria dos países do mundo, o Brasil inclusive.

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